Gárgulas MC

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Garupa

As vezes tem coisas que ficam rondando em meus pensamentos,. E talvez fosse para mim mais cômodo simplesmente te dizer estas palavras, mas por que não escrever aqui para que todos saibam o que passa em minha cabeça.

Você diz que estou sempre me queixando, mas deves reconhecer que tenho alguma razão, me queixo quando você dorme na volta de todas as viagens e tenho que te acordar com cabeçadas em teu capacete, me queixo quando começas a por na mochila toda a mobília da casa como se fosse uma mudança em cima da moto, me queixo quando me obrigas a parar porque morres de fome ou não suporta mais cinco minutos para ir ao banheiro, te dou bronca quando em plena curva fica se mexendo só porque a bunda dói, reconheça que tenho motivos para me queixar a cada vez que vejo aquele banco horroroso na traseira e aquele imenso “sissi bar”, tudo isso para que teu lindo traseiro não sofra nas viagens mais longas, me queixo, protesto e sempre estou resmungando e tu sabes que tenho razão, claro que tenho.

E saiba que vou continuar reclamando a cada vez que fizeres algo de errado, ainda que me custe um “ovo” reconhecer as coisas que você faz bem. Quantas vezes falamos com um pouco de desprezo a frase “veio na garupa”, e porque não damos o devido valor a todos que viajam na parte traseira de nossas montarias? Acredito que qualquer um que tenha rodado sobre duas rodas sobre algum tempo sabe que uma boa garupa é um “co-piloto”, por acaso não caem juntos? Não passam frio no inverno e se molham quando chove? A caso correm menos perigo quando a curva foi mal tangenciada? Pois apesar de tudo isso tem quem se atreva a dizer que garupas não são bikers.

Quando tuas mãos pequenas agarram forte a minha cintura e sei que estás aí, então tudo está bem, controla a gasolina que ainda nos resta, os quilômetros que rodamos, em qual trevo devemos mudar a estrada e quanto dinheiro ainda nos sobra. Sei que conheces tão bem como eu os barulhos de nossa maquina, suas vibrações, suas necessidades e reações. Sabes perfeitamente quando estou apertando demais e quando entramos em uma curva um pouco mais forte. Quantas vezes em viagens me coloca um lenço no pescoço para que não sinta frio, quantos quilômetros tem passado me falando ao ouvido porque sabes que estou dormindo! Quantas horas ao meu lado na beira da estrada enquanto procuro o defeito nas entranhas da maquina.

Sei que a imagem de sempre é a de um piloto sozinho com sua moto devorando os quilômetros, mas tenho que reconhecer que este monte de ferros já não é só meu, mas sim nosso. Todos esses quilômetros percorridos, esforços econômicos e horas de dedicação lhe tem dado o direito de ser, em parte, dona do meu sonho.

Sei que existem milhares de garupas como tu, quase uma por cada moto, algumas são garupa porque por enquanto não tem outro jeito, até que consigam sua própria moto. E para estes minhas palavras de alento para que jamais desanimem, e saibam que quanto mais difícil e trabalhoso para conseguir maior será o prazer em aprecia-la. Mas há um outro numero de importantes garupas que o são por puro prazer, por gostar. E que não aspiram ter outra moto, pois já tem uma, ainda que seja só o banco traseiro, e é para ti e a todas estas garupas como tu, que eu quero enviar todos os meus respeitos, obrigado por estar aí, obrigado por serem como são, e não permitam que ninguém tire de vocês o titulo de “ co-pilotos”.

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